Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação
(antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados, etc), vá até o fim da
reportagem e utilize a seção de comentários. A coluna responde perguntas
deixadas por leitores todas as quartas-feiras.
Escolher um bom antivírus parece ser difícil. Primeiro, porque não se
pode escolher dois, e segundo, porque se trata de uma decisão para o
futuro: eles precisam pegar os vírus que você ainda nem sabe que vão
atacar. Então é muito comum procurar testes de antivírus, que vão
apontar um ou outro software como o “vencedor”. O detalhe é que a
maioria dos testes é ruim.
Esta coluna já afirmou em outras ocasiões que o mais importante em um
antivírus é conhecê-lo – saber dos pontos fortes e fracos, em quais
situações ele vai precisar de uma “ajudinha” ou quando pode não ser uma
boa ideia confiar nele, porque antivírus também erram. Os únicos
laboratórios que fazem testes capazes de dar toda essa informação são o
AV-Test e o AV-Comparatives.
As duas instituições divulgam seus relatórios na internet:
aqui está o AV-Test e o
nesta página os do AV-Comparatives.
Se o teste antivírus não foi feito por um desses laboratórios, é bem
provável que ele tenha algum erro de metodologia: testar antivírus é um
negócio complicado que exige grande capacidade técnica para receber,
analisar e organizar amostras de código malicioso.
AV-Test
Os relatórios do AV-Test são bem fáceis de interpretar. Os softwares são avaliados em três categorias:
Proteção,
Reparo e
Usabilidade.
“Proteção” é a capacidade média de um software para detectar ameaças
passadas e futuras; “Reparo” diz o quão bom um software é para retirar
vírus de um sistema infectado e “Usabilidade” se refere ao impacto no
desempenho do sistema e alarmes falsos.
Na prática, isso significa que um antivírus com boa usabilidade tem mais
chances de detectar apenas arquivos realmente maliciosos, enquanto um
programa com baixa usabilidade irá detectar softwares legítimos,
obrigando o usuário a buscar uma segunda opinião em alguns casos para
não perder um arquivo.
“Reparo” e “Proteção” é mais fácil de entender: um antivírus com boa
proteção é bom para identificar se há algo errado com o computador, mas
um antivírus bom em reparo será o melhor para limpar uma máquina já
infestada de malwares. Ou seja, se você pegar um antivírus com boa
proteção e reparo ruim, pode, eventualmente, precisar instalar e usar
temporariamente outro software com reparo melhor para limpar seu PC.
AV-Comparatives
O AV-Comparatives publica diversos relatórios distintos, mas,
anualmente, publica também um relatório com um resumo de tudo o que foi
analisado naquele ano. Os relatórios do AV-Comparatives medem a
detecção comum dos antivírus (“on-demand”), a detecção proativa
(“proactive”), a detecção dinâmica (“dynamics protection”), falsos
positivos e o desempenho – como o AV-Test.
Os testes de detecção proativa envolvem o uso de um antivírus
desatualizado para tentar detectar pragas novas. Com isso, a ideia é
medir as chances que um software tem de detectar ameaças que ele
desconhece, sem criar vírus novos para isso.
Para começar, é mais fácil ver diretamente o
relatório resumido anual
com as principais observações sobre cada produto. Uma nota Standard
(STD, “Média”) indica uma proteção OK, Advanced (ADV, “Avançado”)
significa uma proteção boa e Advanced+ (ADV+, “Avançado+”) significa uma
proteção muito boa. Um antivírus que não ganhou uma nota Standard e
está com ela apenas cinza, sem nenhum escrito, não foi bem avaliado.
O AV-Comparatives deixa claro que ter as melhores notas não significa
que um antivírus será o “melhor para todo mundo”, já que existem
diferenças consideráveis, como a interface do usuário ou o preço, que
não são avaliados. O “antivírus do ano” para eles foi o Kaspersky, com
destaque também para Avira, Bitdefender, Eset e F-Secure.
Uma diferença de ADV para ADV+, por exemplo, provavelmente não é
muito significativa para você preferir ou um software ou outro, mas pode
ser definitiva se está na categoria que mais é importante para você.
Por exemplo, se você tem um computador lento, ou quer economizar a
bateria do notebook, um ADV+ no teste de “Desempenho” pode ser o fator
principal a se considerar.
Outro exemplo: para um antivírus de uso cotidiano, um ADV+ na
capacidade de Reparo provavelmente não é tão importante quanto a
capacidade de detectar um problema – porque aí você pode usar outro
antivírus para auxiliar o reparo, quando ele for detectado. Se você nem
souber que o problema existe, não adianta poder repará-lo!
Mas você não precisa concordar com a coluna — o importante é estar
ciente das características do software e escolher aquele que tem os
recursos melhores nas áreas que você acha importante.
A categoria de
Falsos Positivos (alarmes falsos) é avaliada
separadamente. De acordo com o AV-Comparatives, o melhor antivírus nesse
quesito em 2011 foi o McAfee, com zero falsos positivos – provavelmente
um resultado de novas políticas que empresa introduziu após o
erro gravíssimo que apagou um arquivo do Windows
em 2010; em segundo lugar está a Microsoft, com apenas dois falsos
positivos. No entanto, os testes de alarmes falsos realizados em 2012 já
encontraram 28 alarmes falsos do McAfee. A Microsoft ainda continua se
destacando pelo baixo número de erros, porém também é o antivírus com
menor taxa de detecção, com 93,1%.
Já os antivírus com menor impacto no desempenho do sistema (“low system impact”) foram Eset, Symantec, K7 e Avira.
Não existe um software que “é o melhor” para todo mundo – e nem é uma
boa ideia que todos utilizem o mesmo programa: diversidade é importante
para dificultar o trabalho dos criadores de vírus. Mas atente para cada
detalhe apresentado nos relatórios, conheça quais são os pontos fortes e
fracos do software. Jamais instale dois antivírus! Você pode usar um
antivírus secundário temporariamente se isso for necessário para limpar
uma infecção, mas não compare antivírus ou mantenha dois softwares
instalados no mesmo PC.
Tem alguma dúvida sobre o que significa algo nos testes dessas instituições? Use a área de comentários. Até a próxima!